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Rosário proibido – A guerra dos socialistas contra a Igreja
- Publicado em 06/12/2023
- 14:13
Meus sete leitores muitas vezes me perguntam sobre os motivos que levam o marxismo e as ideias revolucionárias a exercerem uma influência tão grande na sociedade, especialmente entre os jovens. A minha explicação para esse fenômeno é que o marxismo se apresenta como uma espécie de substituto para a fé religiosa.
Na sociedade cada vez mais secularizada em que vivemos, onde o espaço para as questões espirituais está sendo reduzido até mesmo dentro das igrejas – como prova a tragicômica Teologia da Libertação com seus bizarros casos de padres que não falam em Deus –, a mentalidade revolucionária usurpa a dimensão transcendental da vida, impondo como evidência científica que a realidade é constituída unicamente pela matéria, e nada mais.
Fico feliz em saber que minha tese vai ao encontro do que diz o professor Augusto Zimmermann em seu excelente livro Cosmovisões do Direito no Mundo Ocidental. Segundo Zimmermann, “o marxismo não é apenas um arranjo de transformação social, mas, também uma forma de teologia secular”.
Eu diria mesmo que o socialismo-comunismo representa uma espécie de bezerro de ouro da modernidade, cuja função é ser colocado no lugar de Deus. A velha tentação da serpente – “Sereis como deuses” – volta a ser oferecida, não como uma promessa de participação na existência divina, mas como uma forma de revolta assassina contra o provedor de toda vida.
A incompatibilidade essencial entre o comunismo e o cristianismo – que evidenciei no meu texto de ontem, com citações de vários papas e próceres marxistas – acaba por se revelar cedo ou tarde. No caso do primeiro estado comunista da história, a Rússia Soviética, a contradição irreconciliável entre Revolução e Igreja deu-se logo nos primeiros meses após o golpe de Lênin e Trotsky em outubro de 1917. O ápice da perseguição aos religiosos ocorreu durante a primeira grande fome do período soviético, em 1921-1922, quando morreram 5 milhões de pessoas, na maior catástrofe humanitária da Europa desde a Peste Negra do século XIII. Numa carta ao Politburo, em março de 1922, Lênin rejubilou-se com a oportunidade de “dar um golpe mortal no inimigo”, aproveitando a fome e o desespero do povo para destruir a Igreja sem o risco de uma revolta dos fiéis: “Posso afirmar categoricamente que este é o momento de esmagar o clero da forma mais resoluta possível e de agir sem qualquer misericórdia, com o tipo de brutalidade de que se lembrarão por décadas. Quanto mais representantes do clero reacionário e da recalcitrante burguesia abatermos, melhor para nós”.
A única instituição religiosa que os comunistas admitem é a que se rende completamente ao poder político. O exemplo histórico mais relevante é a própria Igreja Ortodoxa, que Lênin dilacerou, Stálin aparelhou e hoje, sob o czar Vladimir Putin, é comandada por um ex-agente da KGB. Aliás, desculpem: o próprio Putin já disse que não existe ex-agente da KGB.
Uma vez conduzido ao STF, o comunista Flávio Dino só aceitará uma Igreja subserviente e ancilar, destituída de sua dimensão espiritual e profética. Ao menor sinal de dissenso, ele usará a mão de ferro do poder estatal para esmagar o “clero reacionário”. É bom lembrar que o apoio de parte da Igreja Católica foi essencial para assegurar a tomada de poder pelos sandinistas na Nicarágua no final dos anos 70. Hoje a Igreja é perseguida sem piedade por Ortega e sua máfia.
Situação semelhante ocorre nos países governados pelo socialismo da Comunidade Europeia. No final de outubro, em Madri, um grupo de católicos foi proibido pelo governo socialista de rezar o Santo Rosário nas escadarias da Paróquia do Imaculado Coração de Maria, na Calle de Ferraz, centro da capital espanhola. Por notável coincidência, a alguns metros dessa igreja fica a sede do Partido Socialista Espanhol (PSOE), que recentemente assegurou-se no poder mesmo tendo perdido as eleições gerais, por meio de acordos espúrios com grupos separatistas.
Os católicos de Madri prometeram desobedecer a ordem do governo socialista e pretendem rezar o Santo Rosário nas escadarias da Igreja e nas barbas do PSOE. Espera-se uma grande presença de fiéis nesta sexta-feira, 8 de dezembro, Dia da Imaculada Conceição.
Para todos chegará o momento da escolha: ou se acende uma vela para Deus, ou se acende uma vela para o diabo.
– Paulo Briguet é escritor e editor-chefe do BSM.
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