A mãe de uma estudante de 13 anos da Escola Estadual Dunga Rodrigues, em Várzea Grande, denunciou uma grave sequência de episódios de intolerância religiosa e bullying sofridos pela filha desde 2023, que culminaram em uma tentativa de agressão física com fogo, impedida por um vizinho. A menina, adepta da Umbanda, passou a ser perseguida por colegas devido à sua fé.

Segundo relato da mãe, divulgado no Programa do Pop, da TV Cidade Verde, o pesadelo começou após a filha levar um colar com uma figuinha de proteção na mochila. A partir daí, colegas passaram a chamá-la de “bruxa” e “macumbeira”, chegando a arrebentar o colar. Mesmo após ser transferida de sala, a perseguição continuou e se intensificou neste ano.

Um dos episódios mais alarmantes ocorreu quando um grupo de meninas emboscou a vítima na avenida Julião de Brito. “Chamaram a minha filha de feiticeira, bruxa e disseram que ela tinha que ser queimada. Elas foram até a avenida com a intenção de atear fogo nela. Só não conseguiram porque um vizinho viu e interveio. Trouxe ela pra casa”, contou a mãe, revoltada com a omissão da escola.

Mesmo diante de tamanha gravidade, a direção da unidade teria limitado sua atuação a uma simples sugestão de diálogo com os pais das agressoras. “Fui até a escola e disseram que só poderiam chamar os pais para conversar. Me orientaram a procurar a delegacia”, afirmou a mãe, que já registrou um boletim de ocorrência.

Além da intolerância religiosa, a adolescente passou a ser alvo de novos ataques após ser diagnosticada com escoliose. Os colegas passaram a chamá-la de “corcunda”, “sapatão” e “macho-fêmea”. A mãe relatou que a filha emagreceu drasticamente, caiu em depressão profunda e já tentou tirar a própria vida três vezes.

“A coluna dela está deformada. Está doente e com depressão. A transferência dela está pronta, mas e o trauma? Por que não fizeram algo em 2023, quando tudo começou? Esperaram chegar a esse ponto”, desabafou.

A mãe fez um apelo por justiça, não apenas pela filha, mas por outras crianças que sofrem em silêncio. “Tem outras crianças sofrendo e não falam com os pais por medo ou porque os pais não entendem. A intolerância religiosa não pode acontecer com nenhuma criança. O bullying não pode acontecer com nenhuma criança.”

O caso escancara a fragilidade do sistema de proteção aos alunos vítimas de preconceito e levanta um alerta sobre a omissão institucional diante de episódios de ódio religioso e violência escolar.