A Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Rondonópolis (Derf) desmantelou um esquema envolvendo a Associação dos Familiares e Amigos de Recuperandos de Rondonópolis (AFAR), que estava recebendo recursos da Prefeitura através de termos de colaboração e fomento. Além disso, a entidade já havia sido beneficiada por uma emenda impositiva de um vereador local. Segundo a investigação, a associação era usada para lavar dinheiro, promover eventos e realizar ações assistencialistas em benefício de uma facção criminosa e para apoiar a campanha de um candidato a vereador. A presidente da AFAR foi presa na manhã desta sexta-feira (27) durante uma operação da Polícia Civil.

Em outubro de 2023, o prefeito José Carlos do Pátio (PSB) sancionou uma lei que concedia à AFAR o status de utilidade pública, após aprovação da Câmara Municipal. A lei foi oficializada no Diário Oficial do Município (Diorondon), permitindo à associação firmar convênios com instituições públicas e privadas.

Um mês depois, a Câmara aprovou e o prefeito sancionou outra lei, que autorizava o repasse de R$ 10 mil à AFAR através de termo de fomento, pago em parcela única. Em dezembro, o prefeito sancionou um novo termo de colaboração, comprometendo-se a transferir R$ 120 mil ao longo de 2024, com parcelas mensais de R$ 10 mil, via Secretaria Municipal de Promoção e Assistência Social.

Em junho de 2024, durante uma cerimônia na Prefeitura, o prefeito realizou mais um repasse de R$ 300 mil à AFAR, destinado por um vereador através de emenda impositiva.

O delegado Santiago Sanches, da Derf, revelou que a associação já estava sob investigação desde 2023. Segundo ele, as apurações indicam que a AFAR recebia recursos da facção criminosa. Diante disso, o juiz determinou a suspensão das atividades da entidade e o bloqueio de novos repasses públicos. Sanches ressaltou que a Prefeitura ainda não é alvo de investigação, mas que a legalidade e moralidade dos repasses feitos à associação serão verificadas.