O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), disse que a maior festa religiosa do Brasil, o Círio de Nazaré, não pertence mais à Igreja Católica. Durante ato político realizado na última quinta-feira (1°), no Theatro da Paz, com a presença do ex-presidiário Lula, o psolista dirigiu-se à esposa do candidato, Janja, nos seguintes termos: “Venha festejar o Círio e ver a maior festa religiosa do mundo, onde evangélicos, umbandistas, candomblecistas, todos participam, porque a festa é do povo, não é mais da Igreja Católica”.

O arcebispo de Belém, D. Alberto Taveira, manifestou sua “estranheza e protesto” pela declaração do prefeito. “Suas afirmações estão provocando uma reação extremamente forte. Desculpe, mas não é verdade, e eu vou tornar pública essa declaração. Não é verdade que o Círio não seja da Igreja Católica. Se outras pessoas quiserem participar, que o façam, são sempre bem-vindas, mas o Círio pertence à Arquidiocese de Belém, à Igreja Católica”.

Celebrado desde 1793 – curiosamente, o ano em que os revolucionários jacobinos iniciavam sua perseguição implacável aos católicos na França –, o Círio de Nazaré terá em 9 de outubro a sua 230ª edição, com milhões de pessoas tomando as ruas de Belém em homenagem à padroeira dos católicos. A festa é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial pelo IPHAN e declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. Em nota à imprensa, D. Alberto afirmou que a festa tem significativa influência na cultura paraense, mas sem deixar de ser uma expressão plenamente católica. “Assim sendo, toda e qualquer pessoa se sinta bem-vinda para viver e participar desta manifestação mariana, independentemente de sua devoção. Porém, jamais será permitida pela Arquidiocese de Belém qualquer manifestação que pretenda se apossar e muito menos ultrajar nossa fé católica, independentemente das intenções ou pretensões de qualquer ordem”.

Pelas redes sociais, Edmilson Rodrigues tentou se explicar na madrugada deste sábado (3). “Se me expressei de modo a permitir interpretações mal-intencionadas e fora do contexto de minhas colocações, venho aqui ratificar o meu mais profundo respeito à Igreja Católica e à comunidade que tem mantido essa singular e grandiosa demonstração de fé à Padroeira de todo o povo paraense. Respeitosamente, peço desculpas às pessoas de boa fé que, porventura, tenham se sentido ofendidas com a interpretação maldosa de minha colocação”.

Em suma, o prefeito pede desculpas, mas diz que a culpa é de quem o interpretou maldosamente. Daniel Ortega não faria melhor.