O presidente empossado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cedeu à pressão do Centrão e demitiu a presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, que havia assumido o cargo em janeiro deste ano. No lugar dela, o petista nomeou o economista Carlos Antônio Vieira Fernandes, indicado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira.

Lula se encontrou com Serrano para agradecer pelo seu exercício na função. A demissão acontece após exposição na Caixa Cultural, em Brasília, com imagem que mostrava Lira em lata de lixo.

Uma nota oficial destacou que “Serrano cumpriu na sua gestão uma missão importante de recuperação da gestão e cultura interna da Caixa Econômica Federal, com a valorização do corpo de funcionários e retomada do papel do banco em diversas políticas sociais, ao mesmo tempo aumentando sua eficiência e rentabilidade, ampliando os financiamentos para habitação, infraestrutura e agronegócio.”

A mudança no comando da Caixa ocorre em um momento crucial, à medida que a Câmara dos Deputados se prepara para votar o projeto de taxação das offshores e fundos exclusivos, ao mesmo tempo em que o país está imerso em discussões sobre a reforma tributária. A saída de Serrano e a nomeação de Fernandes certamente terão impacto significativo nas políticas e direções futuras da Caixa Econômica Federal.

O que aconteceu?

Lira manifestou sua insatisfação ao presidente empossado na segunda-feira (23), após ter sido retratado de maneira desfavorável, dentro de uma lata de lixo, na obra exposta na Caixa Cultural de Brasília. Para os aliados do presidente, a imagem depreciativa do deputado surgiu em um momento inoportuno, potencialmente tendo forçado Lula a acelerar a troca de liderança no banco.

A exposição intitulada “O Grito” encontra-se sob a administração do banco estatal, e desde julho, Lula vem negociando com Lira a presidência da Caixa e suas principais diretorias. O controle do banco foi oferecido pelo Palácio do Planalto ao Centrão como parte do acordo que trouxe esse grupo político para o governo, em troca de cargos na Esplanada. As informações são do Poder360.

Contudo, o “timing” da exposição e do incômodo de Lira se revelou desfavorável para o governo, uma vez que Brasília retoma seu ritmo normal nesta semana. Na segunda-feira (23), Lula retornou ao Palácio do Planalto, após passar três semanas no Palácio da Alvorada, recuperando-se de duas cirurgias, uma no quadril e outra nas pálpebras. Lira, por sua vez, também retornou à capital após duas semanas na Índia e na China.

Segundo aliados do presidente empossado, o incidente revelou “negligência” e pôs em evidência a falta de “sensibilidade política” por parte da atual chefe da Caixa, Serrano. A pressão para que ela deixe o cargo aumentou, com diversos informantes transmitindo mensagens ao Palácio do Planalto em nome de Lira.

Lira desempenhou um papel crucial no Centrão, fornecendo aprovação primordial para as mudanças nos ministérios de Lula, que formalizaram a entrada do PP e do Republicanos na base de apoio do governo em 6 de setembro. Em 28 de setembro, Lira apresentou a Lula o nome de Carlos Antônio Fernandes Vieira como uma possível indicação para liderar a Caixa, em substituição a Serrano.