A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao assentamento Santo Antônio da Fartura, em Campo Verde (MT), neste sábado (25), escancarou a rejeição e o desgaste enfrentados pelo chefe do Executivo até entre políticos que orbitam a centro-esquerda. O encontro, que deveria ser simbólico e institucionalmente forte, acabou marcado por um esvaziamento político evidente, com presenças protocolares e ausências notórias de quase toda a representação de Mato Grosso em Brasília e na Assembleia Legislativa.

Dos três senadores em exercício, nenhum apareceu. Nem mesmo Margareth Buzetti, suplente do ministro Carlos Fávaro e ligada ao governo federal, compareceu. Jayme Campos (UB) e Wellington Fagundes (PL), ambos do Senado, também passaram longe. O cenário se repetiu entre os deputados federais: os oito representantes do estado, incluindo nomes como Emanuelzinho (MDB), Assis Gurgacz (PP), José Medeiros (PL), Gisela Simona (União Brasil) e Nelson Barbudo (PL), ignoraram o evento.

Dos 24 deputados estaduais, apenas três deram as caras: Wilson Santos (PSD), Valdir Barranco (PT) e Lúdio Cabral (PT). O restante optou pelo silêncio e pela distância, mesmo aqueles que em outros tempos buscavam prestígio em agendas com o Planalto. A ausência generalizada revela um cálculo político claro: Lula se tornou um “peso” eleitoral, especialmente num estado onde o bolsonarismo segue hegemônico.

O governador Mauro Mendes (União Brasil) compareceu apenas por exigência institucional. Prefeitos de cidades beneficiadas por verbas federais também marcaram presença mais por obrigação do que entusiasmo.

CAOS SOCIAL E ECONÔMICO

O esvaziamento é reflexo direto da situação econômica e social do país, com inflação alta, insegurança pública em crescimento e uma população cada vez mais frustrada com promessas não cumpridas. Em Mato Grosso, essa insatisfação se traduz em números: o eleitorado majoritariamente conservador e pró-Bolsonaro rejeita de forma contundente a figura de Lula e tudo que ela representa.

A “fuga” da classe política mostra que até mesmo nomes ligados ao centro e à centro-esquerda evitam hoje a associação com o presidente. O desgaste é tamanho que muitos preferem manter distância para não comprometer seu capital político em um cenário cada vez mais adverso ao petismo em Mato Grosso.