A Exposul 2025, um dos eventos mais tradicionais de Rondonópolis, teve início sob uma série de críticas por parte do público, do setor empresarial e agora também do Poder Legislativo. Os dois primeiros dias — com entrada gratuita e shows voltados ao público católico e gospel — registraram movimento abaixo do esperado em comparação com edições anteriores.

Com um aporte de R$ 3,5 milhões em recursos públicos — R$ 2,5 milhões do Governo de Mato Grosso e R$ 1 milhão da Prefeitura —, a feira enfrenta insatisfação tanto de visitantes quanto de empresários. O alto custo dos alimentos e das bebidas dentro do parque foi um dos pontos mais citados nas redes sociais, além da percepção de que o evento perdeu o equilíbrio entre entretenimento e negócios.

Durante sessão na Câmara Municipal nesta quarta-feira (6), o vereador Marisvaldo cobrou posicionamento firme do Legislativo e criticou duramente o evento.

“Essa Exposul virou uma vergonha. É um absurdo o que estão fazendo com a população. Estão vendendo pastel por R$ 25! A Câmara foi a primeira a aprovar o repasse, ajudamos com R$ 1 milhão junto com o prefeito, que fez a parte dele. Nós também fizemos a nossa. Agora, a feira está arrancando o couro da população. Isso é inaceitável. Onde eu vou, a cidade inteira está comentando. Hoje mesmo recebi uma ligação da dona Joana, promotora de Justiça, me contando que levou os filhos lá e teve que pagar R$ 16 em cada brinquedo. R$ 25 num pastel! Isso não dá. Acho que nós, vereadores, precisamos fiscalizar essa Exposul.”

Um empresário do setor agroindustrial relatou que sua empresa optou por não participar da feira este ano, avaliando que o evento vem se distanciando do seu objetivo original.

“O foco crescente em shows e entretenimento encarece a participação e afasta o público técnico, como produtores e compradores. O investimento, além de elevado, não tem gerado o retorno esperado. Rondonópolis merece uma feira que priorize o produtor, o técnico e o empreendedor rural. Esperamos que o formato seja repensado.”

Outro empresário, do ramo de máquinas agrícolas, reforçou o mesmo ponto de vista. Segundo ele, a empresa já vinha há anos avaliando a viabilidade da participação e decidiu se afastar de vez nesta edição.

“O evento já teve grande relevância comercial, mas perdeu o propósito. Hoje, virou mais uma festa do que uma feira de negócios. Com custos altos, pouca flexibilidade e um ambiente que não favorece as negociações, optamos por investir em eventos menores, mais objetivos e com foco direto no setor produtivo.”

Além das críticas ao modelo, surgiram denúncias de que boa parte da mão de obra contratada para atuar no evento veio de fora de Rondonópolis, o que gerou descontentamento entre trabalhadores e prestadores de serviço locais.

Outro ponto de insatisfação é a falta de transparência. Não há divulgação dos valores pagos aos artistas nem informações sobre a arrecadação do evento, mesmo com o uso de recursos públicos.

Apesar das críticas, a Exposul segue até o dia 9 de agosto, com expectativa de receber maior público nos próximos dias, especialmente com atrações de maior apelo popular. A feira continua sendo uma vitrine para o agronegócio regional, mas os relatos de expositores e a recepção morna do público nos primeiros dias reforçam a necessidade de reavaliação do modelo, para que o evento recupere sua força, sua vocação e sua representatividade.