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Após portal da ceb’s divulgar artigo tendencioso, padre mato-grossense se posiciona e esclarece sobre a importância do uso da batina

Por Padre Douglas Almeida

Após portal da ceb’s divulgar artigo tendencioso contra o uso da batina, padre mato-grossense se posiciona e esclarece sobre a importância do uso da veste.

“No artigo o autor diz que depois do Concílio Vaticano II a obrigatoriedade não existe mais. Porém este é mais um erro comum de interpretação. O can. 284 diz: “Os clérigos usem hábito eclesiástico conveniente, de acordo com as normas dadas pela Conferência dos Bispos e com os legítimos costumes locais”.

E no que se refere ao Brasil a Congregação para os Bispos publicou uma norma em 1987 que diz: “Usem os clérigos um traje eclesiástico digno e simples, de preferência, o clergyman ou batina”, argumenta o padre.

Leia o artigo: 

A batina e o padre

Por acaso encontro na internet um artigo escrito por Celso Pinto Carias no Portal da Cebs intitulado “A batina, o padre e o poder” no qual o autor analisa o crescimento no número de padres, principalmente jovens, que estão tornando ao uso da veste talar. No texto ele diz que, mesmo não havendo uma ligação direta entre problemas na evangelização e uso da batina, a veste talar pode representar um apego ao poder exercido de modo autoritário pelo sacerdote que o usa para calar dissidentes. Na verdade, o texto afirma pouquíssimas coisas, mas supõe e levanta diversas suspeitas. O autor indica ainda que a pergunta fundamental seria se o uso da batina agrega ou não ao processo de evangelização.

Bem, não pretendo aqui fazer um longo discurso teológico sobre o uso da veste talar por parte dos sacerdotes, mas queria sublinhar algumas observações pessoais que, no meu entendimento, podem enriquecer a discussão aberta no artigo citado.

Primeiramente queria destacar que a santidade pessoal, o empenho pastoral, a humildade e a doação de vida de um padre não podem sob nenhuma hipótese ser medida pelo uso ou não da batina. Magnificos sacerdotes podem sim ter visoes diferentes sobre este ponto. O uso da batina não é um dogma da igreja. Aqui se encontra, na minha opinião, uma das grandes desatenções no artigo de C. P. Carias. Ele diz:

“Um olhar cuidadoso, sem generalizações obviamente, mostra que a batina pode apontar hoje não em direção de um desprendimento, mas para configurar o exercício de um “poder sagrado” autoritário e não dialogal. O ministro ordenando, ou como se costuma afirmar, de forma veemente, o “sacerdote”, passa a ser visto quase como um homem infalível, mãos ungidas para exercer não apenas a presidência da Eucaristia, mas para afirmar um poder clerical que não admite questionamento. Um leigo ou leiga que tenha condições de travar algum diálogo com fundamento teológico, pode ser escorraçado.  A dimensão sinodal praticamente se torna inexistente.”

Assim, o autor comete tres graves acusações contra o presbítero que escolhe usar a batina: a primeira é que dá a batina um significado que ela não tem; confunde a identidade do presbítero com a batina em si (usando a definiçao entendida sobre batina); e coloca o sacerdote numa posição de oposição ou concorrência com os fiéis leigos pelo simples fato do uso da batina.

Quando lemos o artigo nos parece que a ideia do autor sobre a batina é que ela serve somente como um uniforme que identifica o sujeito que a usa, mais ou menos como o uniforme da polícia ou o jaleco do médico (comparação feita em um outro ponto do artigo). é verdade, a batina pode sim servir como uma espécie de uniforme, mas é muito além. Quando um presbìtero è ordenado ele daquele momento em diantes não representa mais si mesmo, não é chamada a dar sua opinião, fazer o que é melhor ou mais cômodo pra ele.

Para usar uma linguagem mais espiritual: na ordenação aquele homem morre para si mesmo porque a partir daquele momento ele deve dar lugar a Jesus. A batina daquele padre é, então, um modo externo de expressar aquela verdade: a vida do padre não é mais sua, mas de Cristo e deve ser consumida pela missão para a qual ele foi ordenado. Em outras palavras: a batina é uma mortalha, a roupa de um homem morto, é Cristo que vive ali. Além do mais, os hábitos religiosos são sacramentais, manifestações das graças que Deus doa aos que os usam para a realização da sua vocação. Tem quem não creia, quanto a esses não tem muito o que fazer…

E por que o padre usa em todo lugar e a todo momento a batina? Por que não usá-la somente quando é necessário se identificar ou mesmo representar a Igreja em determinados ambiente? Porque o padre, depois que fecha a secretaria paroquial, ele continua sendo padre. Assim a batina (ou o clergyman) não identifica a sua profissão e sim o seu ser.

Agora queria entrar no ponto em que, sinceramente, penso que não deveria ser o ponto principal, porque as coisas devem ser feitas por amor e não por regra. Mas o presbítero deve usar batina? No artigo o autor diz que depois do Concílio Vaticano II a obrigatoriedade não existe mais. Porém este é mais um erro comum de interpretação. O can. 284 diz: “Os clérigos usem hábito eclesiástico conveniente, de acordo com as normas dadas pela Conferência dos Bispos e com os legítimos costumes locais.” E no que se refere ao Brasil a Congregação para os Bispos publicou uma norma em 1987 que diz: “Usem os clérigos um traje eclesiástico digno e simples, de preferência, o clergyman ou batina.” Porque tem a expressão “de preferência” alguns interpretaram que não existiam a obrigação. Para esclarecer isso, O “Diretório para o Ministério e a Vida dos Presbíteros” esclarece no n. 66:

Numa sociedade secularizada e de tendência materialista, onde também os sinais externos das realidades sagradas e sobrenaturais tendem a desaparecer, sente-se particularmente a necessidade de que o presbítero — homem de Deus, dispensador dos seus mistérios — seja reconhecível pela comunidade, também pelo hábito que traz, como sinal inequívoco da sua dedicação e da sua identidade de detentor dum ministério público. O presbítero deve ser reconhecido antes de tudo pelo seu comportamento, mas também pelo vestir de maneira a ser imediatamente perceptível por cada fiel, melhor ainda por cada homem, a sua identidade e pertença a Deus e à Igreja.

Por este motivo, o clérigo deve trazer um hábito eclesiástico decoroso, segundo as normas emanadas pela Conferência Episcopal e segundo os legítimos costumes locais. Isto significa que tal hábito, quando não é o talar, deve ser diverso da maneira de vestir dos leigos e conforme à dignidade e à sacralidade do ministério. O feitio e a cor devem ser estabelecidos pela Conferência dos Bispos, sempre de harmonia com as disposições do direito universal.

Pela sua incoerência com o espírito de tal disciplina, as praxes contrárias não se podem considerar legítimas e devem ser removidas pela autoridade eclesiástica competente. Salvas exceções completamente excepcionais, o não uso do hábito eclesiástico por parte do clérigo pode manifestar uma consciência débil da sua identidade de pastor inteiramente dedicado ao serviço da Igreja.

Mas, como mesmo assim teve alguns que ou não entenderem bem ou procuravam motivos para não obedecer, a Santa Sé emitiu uma nota no dia 22 de outubro de 1984 para explicar este número do diretório, e citaremos apenas dois pontos que nos esclarece muito bem sobre o uso do hábito talar (seja a batina que o clergyman):

(…)

5. De fato, o artigo 66:

a) recorda, até mesmo com notas de referência, os recentes ensinamentos do Magistério pontifício a este respeito, seu fundamento doutrinário e as razões pastorais do uso do hábito eclesiástico por parte dos ministros sagrados, como prescrito pelo cân. 284;

c) solicita, com uma afirmação categórica, a observância e reta aplicação da disciplina sobre o hábito eclesiástico: “Pela sua incoerência com o espírito de tal disciplina, as praxes contrárias não se podem considerar legítimas e devem ser removidas pela autoridade eclesiástica competente”.

Esclarecido a norma, queria tratar apenas de um último ponto: a postura do sacerdote que usa a batina. No texto de Celso Pinto Carias ele fala sobre a tendência autoritária de alguns jovens sacerdotes que usam a batina. Em outro ponto compara as batinas atuais com aquela surrada de Dom Helder.

Não se pode negar que de fato alguns sacerdotes tinham um modo autoritário de guiar as paróquias a eles confiadas. Mas isso se deve ao uso da batina? Ou é somente mais um efeito da frágil condição humana que é tão presa às suas paixões e pecados? Eu pessoalmente já sofri com a tirania de sacerdotes que usam e de sacerdotes que não usam a batina. Ao mesmo tempo vi exemplos de santidade magníficos de sacerdotes que usam e de sacerdotes que não usam a batina. Assim sendo, me parece que é muito mais determinante para o modo de guiar as paróquias a decisão pessoal de cada padre de viver uma vida doada, em vez de usar do seu ministério para benefícios pessoais, do que a roupa que ele usa.

Se um leigo vê um padre, com ou sem batina, que não vive o ministério segundo o coração de Jesus, Bom Pastor, tem o direito e o dever de exigir dele que procure ajuda para mudar este modo de ser e imitar Aquele que o chamou para esta vocação. Se ele não dá espaço para o diálogo, vá ao bispo. Mas, principalmente, jamais crie na sua comunidade um ambiente de rivalidade entre fiéis e padres, essa não é a estrada de Jesus. Reze por este padre que não é um exemplo de humildade e o ajude a mudar. Se você é um leigo que ama Jesus, ama a Igreja e quer o bem da sua comunidade paroquial, pode colaborar muito para a santidade dos seus presbíteros. Não olhe teu pároco através dos óculos das ideologias.

Um conselho prático: se o padre ai da sua paróquia é autoritário e usa a batina, tente criar uma boa relação com ele porque assim você criará no seu coração uma abertura para te escutar. Depois comece a repassar com ele o real significado da batina que ele está usando e, por fim, mostre-o, sempre com muita caridade, as atitudes dele que vão no sentido contrário do significado daquela veste. Talvez assim, em vez de um rival, você terá colaborado pelo bem da sua paróquia.

Não culpe a batina pelos erros do coração humano.

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